sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Em nome de deus


Por dois meses trabalhei com quatro oitavas séries, cerca de 120 alunos, o tema, Segunda Guerra Mundial. Das questões políticas e econômicas à cultura.
Não seria novidade a ninguém dizer que meu enfoque foi o massacre nazista no holocausto, sempre frisando a necessidade de respeito às diversidades, sejam elas étnicas, religiosas, de orientação sexual, etc, etc, etc.
Por vezes me senti cansada e quase inútil, pois alguns conceitos de "norma" estão tão engendrados naqueles adolescentes que desconstruí-los é tarefa para anos.
Mas alguns vídeos e imagens foram fundamentais para sensibilizá-los e ao fim do trabalho, as redações me mostravam que eu havia tocado a grande maioria deles.
Até chegar Jesus.
Não, Jesus não um aluno neo-nazista. È o Jesus de Nazaré mesmo. Aquele homem bom, sábio, que dizia "vinde a mim às criancinhas", que pregava o amor ao próximo.
Este bom homem, aqui, personificado por um professor de geografia, formado pela UEL, cristão até seu último fio de cabelo. Ele entrou em uma daquelas salas e disse em alto e bom tom que no nazismo, "os judeus e homossexuais tinham mesmo é que ter morrido".
E algo tão absurdo que tive dificuldade em escrever.
Céus, como alguém que se autodenomina seguidor do Cristo pode conceber a idéia de assassinato de pessoas a partir de sua orientação sexual ou por estarem esperando o messias até hoje?
E que deus é esse: cruel, excludente, cretino eu diria.

Ora, é o mesmo deus criador de tais "aberrações". Sim porque lembremos que "no princípio" de deus criou o homem. Ele criou o negro, o judeu, o homossexual, a travesti... Ele criou pessoas diferentes que não fazem mal a outrem, porém sofrem este mal.

E por cinco minutos eu quis que deus existisse para saber que haveria um julgamento divino e que neste julgamento o tal professor fosse enviado ao inferno, sem parada pro café.

Depois que a raiva passou tive pena dele. Que vida mais inútil, mais sem alegrias, sem sentido vive este mal fadado homem. Não consegue nem ao menos interpretar o que o bom e velho Jesus disse quando esteve por estas bandas de cá...

Enfim, devaneios...