sexta-feira, 7 de novembro de 2008
A moça do sonho
Após uma prova conturbada saí em meio a uma multidão afoita e falante. De longe avistei alguém muito semelhante a mim. Mesma altura, uma calça sem bolsos que adoro (mas que já não entra mais) e uma blusa de frio vermelha.
Começa então uma caçada ao tesouro. Corro atrás da imagem por tempos, subindo e descendo escadas, correndo contra o fluxo da multidão, entrando em salas e quartos vazios, vendo as portas se fecharem, até que consigo encurralá-la.
Súbito me encantou
A moça em contraluz
Arrisquei perguntar: quem és?
Mas fraquejou a voz
Um sorriso doce e a resposta pronta e direta: eu sou você.
Acho que era o encontro dos meus sonhos. Enfim sós. Eu e meu espelho.
Há quem diga que é o cúmulo do narcisismo. Há ainda quem diga que eu estava drogada. Enfim, eu a vi.
Inicialmente meu desejo era fazer perguntas, entender o que se passava.
Mas o frisson não me deixou. Ela propositalmente tirou uma das blusas, foi a gota d água. Devo confessar que um bocado mais de melanina me fizeram inveja. Mas de resto, o encantamento fora tão grande que não tive duvida: queria beijá-la! Era agora ou nunca.
E assim foi. Alucinadamente. Indescritível, eu diria.
Acordei tensa, confusa. Ofegante!