quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Meio


Modo para se atingir um fim, moderação, processo, modo, via, condição.

Dia desses outra reclamava de ter sido meio para a amante. Perguntei-me quando é possível existir uma relação, seja ela qual for, em que a outra não o seja.
No desenrolar de um sábado à noite ‘uma outra’ pode ser meio para se aliviar a solidão, condição para se manter relações sexuais, modo para se garantir companhia no almoço de domingo ou ainda, início de um processo para que esta situação se repita por meses, anos, talvez décadas.
Se a mesma relação for demasiado casual o meio não deixaria de existir. Ainda que você quisesse almoçar sozinha no domingão, a aproximação serviria para você se auto-afirmar atraente, podia configurar-se um modo de assegurar às outras todo seu poder de sedução ou quem sabe, despertar nas outras o desejo de terem quiçá um dia.
Porém em relacionamentos fixos, a outra ainda se constituirá um meio. Meio para aliviar o estresse e rotina do relacionamento, modo de reavivar sua conquista, condição para se conseguir um sexo casual, ou ainda, meio de defesa para aliviar a desilusões. A conquista por vezes serve para equiparar, equilibrar seus sentimentos negativos. Ela é externa a si e à sua amada, sendo, portanto, parte de um processo que lhe ajudaria a lidar com as frustrações cotidianas.

È difícil admitir o quanto somos egoístas. No entanto se observarmos minuciosamente nossos relacionamentos afetivos ou afetos-sexuais, raramente eles não são pautados no eu. È o bem que a outra ME faz, a satisfação que ela ME proporciona, o carinho que ela ME dá, as risadas que ela incita em MIM, o prazer que ela ME dá, os sonhos que ela instiga em MIM, a dor que ela afasta de MIM.
A outra é sempre meio. Ainda que este meio seja o mais bem intencionado possível, nós nunca ficamos com ela unicamente para satisfazê-la.

O prazer é todo nosso...