quinta-feira, 27 de novembro de 2008

E na oficina mecânica...



Ontem fui levar o carro pra arrumar o freio.

Sentada e lendo jornal enquanto o mecânico examinava o problema.

A atendente (mas pq oficina mecânica tem atendente mesmo?) vem com um sorriso gritante:

- Além do freio, mais alguma coisa?


Pensei: uma coca-cola com gelo e limão.

- Hã?

- Hoje você só vai ver o freio?

Céus! Que pergunta mais estapafúrdia! O que eu ia querer?

- Ah sim, claro! Peça pra ele examinar o carburador, vai que entrou alguma sujeira.

- Então, seria legal trocar este escapamento, né? Tá saindo fumaça...

- Sim, sim. Calibre os pneus e coloque 50 reais de gasolina!

Enquanto pensava tudo isso ela continuava sorrindo na minha frente.

A moça ficou sem graça e acredito que finalmente percebeu que não trabalhava mais numa lanchonete.

Eu tento ser uma pessoa melhor, juro que tento.

domingo, 16 de novembro de 2008

Agenda


Não esquecer: pintar a linha tênue de amarelo!!!

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Meio


Modo para se atingir um fim, moderação, processo, modo, via, condição.

Dia desses outra reclamava de ter sido meio para a amante. Perguntei-me quando é possível existir uma relação, seja ela qual for, em que a outra não o seja.
No desenrolar de um sábado à noite ‘uma outra’ pode ser meio para se aliviar a solidão, condição para se manter relações sexuais, modo para se garantir companhia no almoço de domingo ou ainda, início de um processo para que esta situação se repita por meses, anos, talvez décadas.
Se a mesma relação for demasiado casual o meio não deixaria de existir. Ainda que você quisesse almoçar sozinha no domingão, a aproximação serviria para você se auto-afirmar atraente, podia configurar-se um modo de assegurar às outras todo seu poder de sedução ou quem sabe, despertar nas outras o desejo de terem quiçá um dia.
Porém em relacionamentos fixos, a outra ainda se constituirá um meio. Meio para aliviar o estresse e rotina do relacionamento, modo de reavivar sua conquista, condição para se conseguir um sexo casual, ou ainda, meio de defesa para aliviar a desilusões. A conquista por vezes serve para equiparar, equilibrar seus sentimentos negativos. Ela é externa a si e à sua amada, sendo, portanto, parte de um processo que lhe ajudaria a lidar com as frustrações cotidianas.

È difícil admitir o quanto somos egoístas. No entanto se observarmos minuciosamente nossos relacionamentos afetivos ou afetos-sexuais, raramente eles não são pautados no eu. È o bem que a outra ME faz, a satisfação que ela ME proporciona, o carinho que ela ME dá, as risadas que ela incita em MIM, o prazer que ela ME dá, os sonhos que ela instiga em MIM, a dor que ela afasta de MIM.
A outra é sempre meio. Ainda que este meio seja o mais bem intencionado possível, nós nunca ficamos com ela unicamente para satisfazê-la.

O prazer é todo nosso...

domingo, 9 de novembro de 2008

Destino


Nao seria o ser humano fadado à vida solitária e no entanto insiste nesta insanidade de amar?

sábado, 8 de novembro de 2008

hello stranger ...


Eu sou estranha

Estranhamente louca

Desvairada

Insana

Passada

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Eu tenho um sonho...



Hoje vi o comentário do senhor Presidente da República sobre a eleição do primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos da América, quando a comparava à sua trajetória na política brasileira.
Acho que Luiz Inácio não era um aluno muito assíduo às aulas de História. Ou ao menos faltou às aulas de processo de independência da América do Norte, ou ainda aos movimentos negros, da luta que estes homens e mulheres tiveram que travar para freqüentar locais públicos naquele país.
Lá a segregação não se dava de forma velada como acontece no país da democracia racial, este em que o senhor Luiz Inácio é o poder maior. Lá, o mito de fundação era outro. Eles cresceram acreditando que eram seres superiores. Sorte nossa que os negros não se deixaram de fora desta construção. Uma luta árdua, à duras penas que culminou em 2008, 143 anos após a abolição da escravidão, na eleição do democrata Barack Obama.
Vale lembrar que nos EUA a população de negros não chega a 15%, bem diferente que na terra da pseudo democracia racial, onde eles somam quase 50%. Há ainda que se ressaltar que nas bandas de lá existe uma classe média negra: governadores, prefeitos, empresários, etc. Coisa que não se vê sob os domínios do senhor Luiz Inácio. Aliás, minto aqui se vê: a excessão para comprovar a regra.
A exclusão social gritante no Brasil é evidenciada pela forte resistência da sociedade em aprovar políticas públicas de inclusão para afrodescendentes.


- Cotas? Só se for pra pobres. Ora, estaríamos reproduzindo o preconceito.
- Existe racismo de negro que não gosta de branco também, você sabia?
- As condições são iguais para todos.


Meu pai dizia que uma prova que negros não prestam é que no presídio, a grande maioria é de negros.
Mas aqui é a terra da miscigenação. Aqui todos nós temos ao menos um parente vindo da África. Muito embora grande parte de nós não estudou África, nem ao menos sabe dizer mais que três países daquele continente, afinal, a História começa com as genos gregos ou seria com o Império Romano?

Mas somos bons atores. Não temos preconceito. Até tenho uma amiga negra.
E as estatísticas que se fodam.


Devaneios indignados.

A moça do sonho


Após uma prova conturbada saí em meio a uma multidão afoita e falante. De longe avistei alguém muito semelhante a mim. Mesma altura, uma calça sem bolsos que adoro (mas que já não entra mais) e uma blusa de frio vermelha.
Começa então uma caçada ao tesouro. Corro atrás da imagem por tempos, subindo e descendo escadas, correndo contra o fluxo da multidão, entrando em salas e quartos vazios, vendo as portas se fecharem, até que consigo encurralá-la.

Súbito me encantou
A moça em contraluz
Arrisquei perguntar: quem és?
Mas fraquejou a voz


Um sorriso doce e a resposta pronta e direta: eu sou você.
Acho que era o encontro dos meus sonhos. Enfim sós. Eu e meu espelho.

Há quem diga que é o cúmulo do narcisismo. Há ainda quem diga que eu estava drogada. Enfim, eu a vi.
Inicialmente meu desejo era fazer perguntas, entender o que se passava.
Mas o frisson não me deixou. Ela propositalmente tirou uma das blusas, foi a gota d água. Devo confessar que um bocado mais de melanina me fizeram inveja. Mas de resto, o encantamento fora tão grande que não tive duvida: queria beijá-la! Era agora ou nunca.

E assim foi. Alucinadamente. Indescritível, eu diria.
Acordei tensa, confusa. Ofegante!

Em nome de deus


Por dois meses trabalhei com quatro oitavas séries, cerca de 120 alunos, o tema, Segunda Guerra Mundial. Das questões políticas e econômicas à cultura.
Não seria novidade a ninguém dizer que meu enfoque foi o massacre nazista no holocausto, sempre frisando a necessidade de respeito às diversidades, sejam elas étnicas, religiosas, de orientação sexual, etc, etc, etc.
Por vezes me senti cansada e quase inútil, pois alguns conceitos de "norma" estão tão engendrados naqueles adolescentes que desconstruí-los é tarefa para anos.
Mas alguns vídeos e imagens foram fundamentais para sensibilizá-los e ao fim do trabalho, as redações me mostravam que eu havia tocado a grande maioria deles.
Até chegar Jesus.
Não, Jesus não um aluno neo-nazista. È o Jesus de Nazaré mesmo. Aquele homem bom, sábio, que dizia "vinde a mim às criancinhas", que pregava o amor ao próximo.
Este bom homem, aqui, personificado por um professor de geografia, formado pela UEL, cristão até seu último fio de cabelo. Ele entrou em uma daquelas salas e disse em alto e bom tom que no nazismo, "os judeus e homossexuais tinham mesmo é que ter morrido".
E algo tão absurdo que tive dificuldade em escrever.
Céus, como alguém que se autodenomina seguidor do Cristo pode conceber a idéia de assassinato de pessoas a partir de sua orientação sexual ou por estarem esperando o messias até hoje?
E que deus é esse: cruel, excludente, cretino eu diria.

Ora, é o mesmo deus criador de tais "aberrações". Sim porque lembremos que "no princípio" de deus criou o homem. Ele criou o negro, o judeu, o homossexual, a travesti... Ele criou pessoas diferentes que não fazem mal a outrem, porém sofrem este mal.

E por cinco minutos eu quis que deus existisse para saber que haveria um julgamento divino e que neste julgamento o tal professor fosse enviado ao inferno, sem parada pro café.

Depois que a raiva passou tive pena dele. Que vida mais inútil, mais sem alegrias, sem sentido vive este mal fadado homem. Não consegue nem ao menos interpretar o que o bom e velho Jesus disse quando esteve por estas bandas de cá...

Enfim, devaneios...