terça-feira, 15 de setembro de 2009
Entre salas
Em frente ao colégio, um guri de 8 anos foi "preso" por tentativa de assalto. Ele apontou a arma carregada para um homem que deu-lhe um chute nos cornos.
O comentário das antas (fiquei na duvida quanto ao adjetivo):
- Dá vontade de cortar as mãozinhas e a língua.
Depois de uma breve discussão sobre desigualdade social e, pasmem, ser ou não a maldade algo biológico, uma delas solta:
- Eu vi uma entrevista com um psi-có-lo-go que dizia que estudos já comprovam que a genética determina a índole da criança.
Neste momento lembrei-me de uma professora da Universidade, Tânia de Luca, uma vez em sala, criticando as instituições particulares de ensino superior - O cara fez faculdade na UNIUNI, aos sábados e quinzenalmente, e sai com um titulo de graduado...
Michel De Certeau, um célebre historiador, ao falar da escrita da História, a trouxe como uma "operação" e enfatizou a importância do LUGAR de onde se fala - "a combinação de um lugar social, de práticas científicas e de uma escrita."
Imagine o lugar social que o tal psi-co-lo-go, o tal que diria que a maldade é biológica discursa... Afe, não imagine.
Sofro de ver que existem asnos discorrendo em nome de uma ciência arcaica e inculta. São estas bestas falantes que abalizam os discursos racistas, sexistas, biologizantes de uma massa acéfala que insiste em abrir a boca perto de mim.
Tem horas que queria acreditar em deus, pra pensar que alguém seria capaz de destruir a humanidade todinha, sem restar vestígios.