segunda-feira, 27 de julho de 2009

Racionalize!

Esta semana numa reunião onde discutíamos bullying um professor assumiu uma postura totalmente evolucionista defendendo-o como uma prática histórica do ser humano para permanecia ou não das espécies. Disse que desde a pré-história o ser humano exclui o que ele não quer ver ou ter por perto.
To cansada de encontrar pessoas que naturalizam as coisas, ou ainda que dêem aos chamados "instintos animais" pesos gigantescos ao comportamento humano.
Ao professor respondi que deixei de ser um animal há séculos. Não concebo tais explicações biologizantes que ignoram toda perspicácia com que os homens e as mulheres têm levado suas relações, seus momentos de reflexões acerca de seus comportamentos na história, ou mesmo que ignore todas as mui significativas mudanças que o pensamento liberal nos trouxe.
Ou poderia esses tais que tem em suas cabeceiras A evolução das espécies, explicar biologicamente um poema do Fernando Pessoa, apontar os instintos aguçados com toda ironia de Hilda Hilst, as letras recheadas de afetos açucarados de Chico Buarque, a voz aveludada e a presença majestosa de Maria Bethania.
Ou melhor, explicaria ele o que senti quando a vi subir as escadas. O tremor interno com o abraço, a vontade de olhar por horas, incessantemente. Ah! A paz que aquele sorriso me dá...

sexta-feira, 24 de julho de 2009

O teu riso


Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.

sem um tremer de mais
me abraço a tuas ausências
que assistem e me assistem
com meu rosto de ti

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Metades...


Irmãos são como câmeras filmadoras, delicadamente colocadas nos cantos das cenas mais singulares das nossas vidas.

terça-feira, 7 de julho de 2009

O mofo


Quanto a ti, já reparaste como o mundo parece feito de pontas e arestas?

Tudo é duro e fere.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Eu tenho o tempo do mundo.

Medo



Já conheço os passos dessa estrada
Sei que não vai dar em nada
Seus segredos sei de cor
Já conheço as pedras do caminho
E sei também que ali sozinho
Eu vou ficar, tanto pior
O que é que eu posso contra o encanto
Desse amor que eu nego tanto
Evito tanto
E que no entanto
Volta sempre a enfeitiçar
Com seus mesmos tristes velhos fatos
Que num álbum de retrato
Eu teimo em colecionar