Meninos são práticos. Ou querem ou não querem. E geralmente querem. Em geral, têm mais liberdade, tanto com o outro, como consigo.
Ainda que conscientes de forças que lhes impõem comportamentos, não somos a-históricos, portanto, os internalizamos... de uma forma ou de outra.
Á procura de novos amigos, e aqui não generalizo o gênero, estou realmente falando de homens, preferencialmente homossexuais, fiz um amigo virtual.
Estudante de artes cênicas, simpático e com alguns assuntos em comum. Diversos diálogos nos aproximaram e a vontade de cristalizar a amizade levou-nos à um encontro.
Um beijo roubado, às 20h30, no cine com tour, na bela Londrina.
Chego de mãos dadas com minha namorada. Ele fumando em frente ao cartaz do filme, vestindo um jeans básico e jaqueta de couro. Barba rala, mas muito coerente, óculos estilosos.
- Rodrigo!!!
Um sorriso simpático me convidou ao abraço e às apresentações iniciais. Minutos após a chegada, meu amigo entra só no cinema, senta-se numa poltrona de forma a quase passar despercebido.
Ainda assim, vamos atrás. Filme rolando, nós duas no auge da paixão... beijos, abraços, carinhos e chocolates.
Ao final do filme, ele gentilmente me diz que precisa ir ao banheiro. Enquanto tomamos água, Rodrigo sai às pressas do cinema, sem se despedir e sem ao menos olhar pra trás.
Ora, num mundo demasiado egoísta, soube que aquele amigo virtual nao tinha interesses análogo aos meus, frustrou-se por alguma razão e se foi.
Ainda assim, chateou-me a insensibilidade de um garoto tao doce. Enfim...
Dia seguinte, no meu orkut o recado era preciso:
"Márcia, me perdoe por ontem. Você me deu o celular errado porque tentei te ligar sem sucesso. Houve um contratempo e não conseguir chegar em casa a tempo de ir ao cinema."